quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Eu tento evitar, mas as analogias entre futebol e basquete me perseguem.

O moleque travesso voltou.

Mas, diga-se, com o Robinho entre as pernas, cinco anos depois de deixar o país.

Em 2005, bi brasileiro pelo Santos, considerado uma das maiores promessas do futebol mundial, fez greve para forçar o clube a negociá-lo com o Real Madrid. Robinho via em Luxemburgo, então técnico do time merengue, o homem ideal para fazer dele uma estrela na Europa. Luxa caiu e, com ele, o rendimento do atacante, que nunca mais se firmou como titular da equipe, mesmo numa época que qualquer torcedor do Madrid, hoje, faz força para esquecer.

Sob o comando de Fábio Capello, as coisas pioraram. Robinho então voltou a bater o pezinho. Queria porque queria ir para o Chelsea, jogar no time de Felipão. Mas a negociação não saiu e, no apagar das luzes da janela de transferência, foi parar no Manchester City, em 2008. Em vez de Felipão, topou com Mark Hughes. Pra quem não lembra ou é jovem demais, Hughes foi um centro-avante galês que marcou mais de cem gols com a camisa do Manchester United e virou ídolo da torcida dos Devils por conta de sua entrega em campo. Claro, não podia dar certo, como não deu. Só que nem a troca por Roberto Mancini, outro ex-atacante, melhorou a barra para o brasileiro, que continuou frequentando o banco de reservas.

Robinho agora vem para disputar um emocionante campeonato paulista e, como deve ir à Copa, uma pequena parte do campeonato brasileiro. Quer ter a chance de mostrar aqui o que não vinha mostrando lá - um futebol competitivo, objetivo, eficiente.

Mas Robinho precisa, mesmo, é amadurecer. Para a sorte dele, Dunga é o técnico da seleção e o tem na mais alta consideração, mesmo no momento mais baixo de sua carreira.


Quem lê o Tudo Bola de vez em quando já leu sobre outro moleque travesso - Derrick Rose. Há pelo menos um ano e meio eu encho a bola do armador do Chicago Bulls por aqui, deslumbrado com a possibilidade de acompanhar, em detalhes, o surgimento e desenvolvimento de um jogador que tem tudo para escrever seu nome entre os grandes da história do basquete.

Nesta quinta, Rose, em sua segunda temporada como profissional, foi eleito pelos técnicos da NBA para seu primeiro All Star Game, como reserva do time do Leste.

Habilidade com a bola e habilidade atlética, Rose sempre teve, mesmo antes de seu primeiro jogo como um Bull. O que ele não tinha, no ano passado, e lhe fez muita falta, era um arremesso consistente. Cada jump shot era um momento de hesitação. Cada bola rumo à cesta saía de suas mãos de um jeito.

“Mas como, um jogador de basquete que não sabe arremessar?” Bem, culpa do sistema, que faz com que raríssimos atletas cumpram os quatro anos de basquete universitário, onde aprimoram fundamentos e personalidades. Rose só teve um e virou pro. Chegou longe de estar pronto e só obteve êxito por conta de seu absurdo talento.

Mas vejam como são as coisas e as pessoas. Ao contrário de Robinho, que involuiu em seu futebol e carreira, Rose resolveu arregaçar as mangas. Passou as férias arremessando mil e duzentas vezes por dia, sob a supervisão de Randy Brown, ex-armador dos Bulls e hoje assistente técnico do time.

E eu, com esses olhos que o fogo há de queimar, passei a ver um armador absolutamente confiante em seu arremesso. A mecânica passou a ser perfeita, o arco aumentou, a bola hoje sai sempre igual e, geralmente, encontra a redinha no fim.

Não basta talento. Tem a parte do suor, que muitos não gostam nem de ouvir falar.

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